"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."

Cora Coralina


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Resultado do Projeto "Brincando Com Ivan Cruz"

Atividade 2.12
Isabel Santos, Turma 1

Projeto: Brincando com Ivan Cruz

Nós, professoras de educação infantil, pensamos nesse projeto por causa do resgate de algumas brincadeiras tradicionais de nossa cultura popular, aproveitando tema  folclore. O pintor Ivan Cruz retratou muitas dessas brincadeiras, já não tão praticadas, ou por causa da falta de tempo dos pais ou por causa dos brinquedos eletrônicos. Decidimos trabalhar três dessas brincadeiras, pensando na faixa etária de nossas crianças (de 1 a 3 anos). Apresentaremos as pinturas, brincaremos com elas e, posteriormente, faremos uma avaliação da qual eles mais apreciaram, através de escolha individual, que será exposta para a comunidade, junto ao cartaz da releitura da obra sobre a brincadeira mais votada.
Registraremos o desenvolvimento do projeto através de fotos e relatos  feitos através das observações feitas pelas professoras no diário da sala.Utilizaremos, para as aulas, as reproduções das obras de Ivan Cruz (“Roda”, “Bolinha de sabão” e “Pique esconde”), pesquisadas e impressas da Internet, diversos riscantes, papéis diversos, máquina fotográfica e celular, músicas de roda, potinhos de bolinhas de sabão espaços interno e externo da creche.
Entre os dias 15 e 23 de agosto, aplicamos esse projeto na EPG Carmem Miranda. Trabalhamos em um berçário I, com idades entre 1 e 2 anos. Três professoras são responsáveis pela sala (professoras Aline, Cristina e Isabel) e dividem as tarefas de observação das crianças, registro e execução das atividades, além dos cuidados com o bem estar das mesmas.
Seis aulas foram necessárias para cumprir o projeto, apesar de  que as brincadeiras, na Educação Infantil, são e devem ser constantes e presentes no cotidiano escolar. A brincadeira de bolinha de sabão já fazia parte do cotidiano deles. As brincadeiras  de roda e de pique esconde não tinham sido exploradas ainda, pelo fato deles serem muito pequenos no início do ano letivo.
A primeira brincadeira apresentada foi a de roda.
Começamos fazendo um círculo no chão da sala de aula, com giz, para que eles melhor visualizassem a roda. Em seguida, colocamos as crianças sentadas em cima da linha, para iniciar a roda de conversa. Falamos sobre o mês do folclore, o que isso significa, as brincadeiras que fazem parte de nossa cultura e mostramos a pintura de Ivan Cruz. Falamos um pouco sobre ele e, terminada a roda, nos colocamos de pé.


Demos as comandas de ficar com os pés em cima da linha amarela e de não soltar as mãos dos amigos. Cantamos umas músicas de roda e brincamos com as crianças. Tivemos que repetir a atividade várias vezes, pois eles estavam soltando as mãos, ou por não gostarem do amiguinho do lado, ou por distração com o brinquedo da prateleira, ou com a chupeta no canto da sala ou por prestar atenção no canto das professoras e não conseguir coordenar com o movimento ao mesmo tempo.
Repetimos a roda algumas vezes. Elas desenvolveram um pouco melhor, mas ainda apresentando dificuldades de segurar a mão do coleguinha e rodar ao mesmo tempo.


Na aula seguinte, ao falarmos da atividade da brincadeira, já sentaram no círculo desenhado no chão, atendendo a nossa comanda, com mais facilidade. Mostramos a segunda pintura de Ivan Cruz, “Bolinha de sabão”. Explicamos o que as crianças na pintura estavam fazendo e o que eles iriam fazer a seguir. Mostramos os potinhos de sabão, logo reconhecido por eles, demos a comanda do assopro e deixamos que eles assoprassem os canudinhos. Eles adoraram! Fizeram biquinho e conseguiram, na grande maioria, fazer bolinhas pelo ar. Gostaram de perceber que as bolas que estavam pelo ar foram feitas por eles, pois nós, professoras, reforçávamos: “- Olha a bolinha que você fez. Que linda!”. E daí, é que eles queriam fazer mais e mais... Foi uma brincadeira difícil de parar (encerrou porque eles derrubaram  todo sabão pelo chão da sala!).


A última brincadeira, a de pique esconde, foi aplicada na área externa da escola, tanto para aproveitar os brinquedos, as árvores, o gramado e o dia de sol que estava. Sentamos as crianças na grama, mostramos a pintura de Ivan Cruz e a professora, com a pintura na mão, demonstrava como era a brincadeira: “- Cadê a tia? (...) Achou!”. Os bebezinhos, particularmente, foram os que mais gostaram, por causa da surpresa ao ver a tia sair de trás do papel.
Para mostrarmos como se brincava, uma professora ficou com as crianças, cobrindo o rosto com as mãos e pedindo que cada um fizesse isso, enquanto a outra se escondia atrás de um brinquedo do parque. Eles gostaram de sair procurando a tia. Mas quando algum a encontrava, ficava quieto, esperando a outra tia encontrá-la. Somente duas crianças tentaram levar, de fato, onde a tia estava. O restante das crianças estava se divertindo ao ver a tia explorando o ambiente e todos fizeram festa quando as tias foram encontradas.



No dia seguinte, colocamos cada pintura em uma cartolina, para montarmos o gráfico. Em primeiro momento, eu pensei em montá-lo como se apresenta a alunos do ensino fundamental (com barras quadriculadas, desenhadas abaixo de cada pintura e vários papéis coloridos cortados no tamanho dos quadrados desenhados para serem colados, e  cada criança recebendo auxílio no momento da colagem).  Minhas companheiras acharam melhor pintarmos as mãos deles com tinta guache e, cada um, escolhesse o lugar o qual eles colocassem a mão. Então, providenciamos três tintas guache (nas cores azul, amarela e vermelha), pincéis e panos umedecidos com água, para limparmos as mãos das crianças após a pintura.
Fizemos uma roda de conversa, pedimos para eles sentarem no círculo (!), relembramos as brincadeiras que fizemos com eles durante esses dias, mostramos as figuras  e perguntamos qual brincadeira eles mais gostaram de brincar. Algumas crianças, prontamente falaram: “Babão!”, “Esconde” ou “Roda”  - os maiores, que já apresentam repertório oral. O restante, individualmente, foi chamado para olhar e apontar com o dedo as pinturas para que, em seguida, pintassem a palma da mão direita e carimbassem a cartolina.
Das vinte e uma crianças presentes nessa semana de projeto, apenas três (os menores e uma criança recém-entrada no berçário 1, pois estava dormindo) não fizeram esse gráfico. Até duas bebezinhas, que não falam e começaram a andar a pouco tempo, demonstraram interesse pelas fotografias das pinturas e escolheram sua brincadeira preferida ( esconde-esconde).


Essa atividade, particularmente, me surpreendeu. No momento do planejamento da avaliação, não via dificuldade de execução, mas na aula considerei-a complexa para aplicar com os pequenos. Como fazer com que eles digam de que brincadeira  mais gostaram? Como não fazê-los ir no “embalo” do coleguinha, colocando a mão onde o anterior carimbou? E os menorzinhos, como ficariam (incluiríamo-los ou não na contagem?).
As crianças reconheceram os desenhos, observaram os três antes dos apontamentos e as professoras, através das observações feitas durante essa semana, constataram que elas escolheram aquelas que lhes proporcionou maior satisfação no momento da brincadeira.


Após um dia sem aula, voltamos à atividade. Anteriormente, tínhamos pensado no trabalho de pintura, ou com guache, giz de cera ou lápis de cor. Então, pensei: “- Por que não trabalhar, também, com colagem de areia e de retalhos de pano”? Seria um trabalho diferenciado e com materiais ainda não explorados pelas crianças.
Com a concordância das colegas e os materiais disponíveis, montamos minigrupos, um com brinquedo e outro para o cartaz. Começamos com a colagem dos panos coloridos. Falamos o que eram, como deveriam ser colocados no cartaz (onde estivesse a cola) e como era mais fácil de ser colado (utilizando as duas mãos). As crianças conseguiram colar o pano na cartolina, mas usaram apenas uma mão. Mostraram desconforto com a cola grudada nos dedos, embolaram alguns  retalhos de pano no cartaz, colocaram o pano onde não tinha cola, mas demonstraram concentração e interesse em todo o momento. Havia crianças que, mesmo depois de terem feito queriam repetir a atividade.



Depois, chamamos algumas crianças para a colagem da areia. A professora falou o que era, passou cola com o pincel no cartaz e mostrou como deveria pegar e jogar a areia. Elas gostaram de ver que a areia ficava presa na cartolina! E de senti-la escorrer pelas mãos!


E aquelas que têm mais dificuldade na coordenação motora fina, pedimos para pintar as bolinhas de sabão com tinta guache, material já conhecido por eles. E, assim, encerramos o projeto, que será exposto à comunidade durante a última semana do mês de agosto, com as demais atividades desenvolvidas pela creche em torno do tema folclore.


O objetivo desse projeto foi trabalhar brincadeiras da cultura popular, junto ao tema folclore. Desenvolver interação social (através das brincadeiras e do relacionamento entre os colegas e as professoras), comunicação e expressão (através das cantigas de roda, das rodas de conversa, das comandas e de suas expressões, tanto orais quanto corporais), linguagem matemática (no uso das cores e de noção de espaço – o círculo desenhado no chão, a exploração de espaços), corpo e movimento (a dança, o andar em círculo, as coordenações motora grossa e fina), identidade e autonomia (da criança se reconhecer no grupo e expressar, livremente, suas preferências e vontades) e artes (ao serem apresentadas a obra de Ivan Cruz e de reproduzirem, coletivamente, uma pintura desse, além do gráfico produzido).
As crianças apresentaram algumas dificuldades em alguns momentos do projeto (entendimento de algumas comandas, como a da roda, por exemplo), por causa de sua idade, o que não chega a ser um problema. O projeto foi desenvolvido de uma maneira prazerosa, as crianças se envolveram e participaram ativamente dele.
Eu gosto, muito, de fazer projetos. Eles servem como meio de trabalhar vários eixos, de maneira interligada.
Gosto, também, da possibilidade de trabalhar com o imprevisto, com a novidade e a curiosidade que as crianças trazem no decorrer das atividades. No meu ponto de vista, são essas coisas que tornam a aula significativa para as crianças, motivando-as a querer sempre o “algo a mais” ou o “mais do mesmo”, porque lhes proporcionar prazer, interação e envolvimento de todos os presentes.


Bibliografia e Webliografia:

Um comentário:

  1. Parabéns Isa da gosto ver um trabalho tão lindo realizado com tanto carinho e dedicação quanto o seu!!!!

    ResponderExcluir